terça-feira, 11 de outubro de 2011

LEVANDO OS VERSOS DE SOLANGE RECH

"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu:
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar;
tempo de chorar, e tempo de rir;
tempo de prantear, e tempo de saltar de alegria;
tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora;
tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
tempo de amar, e tempo de aborrecer; tempo de guerra, e tempo de paz".


(Eclesiastes 3, 1-8)

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...e também é tempo de levar os versos do querido poeta Solange Rech, aqui neste espaço. Em mim e em minha família, seus versos encontraram - são sempre muito bem acolhidos - um “lar fecundo”, jamais serão “meninos de rua, sem teto”. A presença deste poeta em nossas vidas veio como um dos mais belos presentes de Natal que a vida ofereceu, em um daqueles encontros inesperados, que o cultivo sincero e os cuidados que toda amizade preconiza, operaram para estabelecer laços para além da vida. O ato de escrever sobre Solange Rech muito me emociona e, mais do que isso, exige muita responsabilidade. Mas encontro confiança ao pensar que tudo aquilo que vem do coração só poderá resultar em verdade, gentileza, carinho. Assim posto, como ‘tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu’, sigo levando os versos dele. Agora é tempo de não mais guardá-los só comigo, é tempo de compartilhá-los. Tenho a certeza de que, para almas sensíveis, os versos do poeta SOL ajudarão “nas horas tristonhas’ e ‘nas tempestades serão abrigo’. Porque é assim que os sinto: fazem-me feliz, me sorriem sempre e, verdadeiramente, resguardam o mundo que sonho.


LEVA MEUS VERSOS
Solange Rech

Leva meus versos, que nada pesam.
São carga leve, como isopor.
São luz de vela, são mãos que rezam,
Sorriem sempre, apesar da dor.

Leva meus versos, que não são nada
Perto da tralha que a gente traz.
Esses coitados não têm morada,
Pródigos filhos buscando paz.

Leva meus versos, trata-os com calma,
Pois só recebem desprezo e grito.
Vem das origens todo o seu drama
Já que nasceram de um pai aflito.

Leva meus versos, vê que me esforço
Por arranjar-lhes um lar fecundo.
Como pai deles, tenho remorso
De que se sintam párias do mundo.

Leva meus versos, guarda-os contigo.
Far-te-ão feliz nas horas tristonhas.
Nas tempestades serão abrigo
A resguardar o mundo que sonhas.

Leva meus versos e outros cantares,
tão desprezados, tão pobrezinhos.
Morrerão todos se os não levares
ou vão perder-se em ínvios caminhos.

Leva meus versos, são peregrinos
de almas sensíveis, como é a tua.
Que eles não sejam, como os meninos,
versos sem teto, versos de rua.

Leva meus versos, que nada pesam.
São carga leve, como isopor.
São luz de vela, são mãos que rezam,
sorriem sempre, apesar da dor.

SACERDÓCIO POÉTICO. Solange Rech, Editograf, Florianópolis – SC, 2004, p. 37.


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