quinta-feira, 2 de julho de 2009

DESERTO por Vera Vieira



Nada no horizonte
A não ser ele próprio
E suas areias escaldantes.

Não se ouvem as vozes cordiais
Não se é acolhida entre braços
Não se sente o estalar de lábios.

Dentro do corpo, desejo intenso
E n'alma, ilusões de sonhos
Um, fragmentando-se em pó
Outra, presa em pensamentos líquidos.

De instante em instante
A magia do sol
Cria ilusão de ótica
E oferece visão de oásis.

Em átimos de segundo
Água fresca renovando a vida
Corpo e alma saciados
Exultantes, enfim, em seu habitat.

Porém, com a aproximação física
Se desfaz a miragem
Um passo a mais
E o nada sob os pés.

A necessidade de sentir-se viva
Comanda o novo passo
Na busca de uma imagem real
Onde se conheça, reconheça e faça-se feliz.