sexta-feira, 17 de setembro de 2010

JAIME SABINES

É sempre assim: quando se lê um livro pela segunda vez, ele é novo uma vez mais. Porque você não é mais o leitor de antes: muita água passou por debaixo da ponte e você lê o livro com novos olhos, novos sentimentos, outras compreensões. Estou relendo El cielo de los Leones, da mexicana Ángeles Mastretta. E numa das páginas da obra, um feliz reencontro com Jaime Sabines, um poeta dos melhores, compatriota de Ángeles. Há muito tempo que não lia algo de Sabines e então, voltei a rever alguns dos seus textos. Uma vez mais, não uma releitura, mas uma nova leitura! Entre tantos versos lindos do poeta, escolhi uns que gosto imensamente. Para saber mais sobre Ángeles Mastretta e Jaime Sabines, visite:


TU CUERPO ESTÁ A MI LADO

Tu cuerpo está a mi lado

fácil, dulce, callado.

Tu cabeza en mi pecho se arrepiente

con los ojos cerrados

y yo te miro y fumo

y acaricio tu pelo enamorado.

Esta mortal ternura con que callo

te está abrazando a ti mientras yo tengo

inmóviles mis brazos.

Miro mi cuerpo,

el muslo en que descansa tu cansancio,

tu blando seno oculto y apretado

y el bajo y suave respirar de tu vientre

sin mis labios.

Te digo a media voz

cosas que invento a cada rato

y me pongo de veras triste y solo

y te beso como si fueras tu retrato.

Tú, sin hablar,

me miras y te aprietas a mí y haces tu llanto

sin lágrimas, sin ojos, sin espanto.

Y yo vuelvo a fumar,

mientras las cosas

se ponen a escuchar lo que no hablamos.


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