Nessa vida tão agitada e que não nos dá muitas chances para o exercício do carinho, essas imagens dão uma lição daquelas! TODOS, TODOS os seres vivos precisam de um espaço para dar e receber carinhos. Caso contrário, a vida de cada um vai se tornando seca, sem brilho. E o que é pior: o não-exercício do carinho acarreta em uma paralisia lastimável - não se recebe, deixa-se de conhecer o benefício e então...também não se dá! Penso que receber carinho é muito, muito bom. Mas penso, com mais força ainda, que dar carinho é muito mais importante. Faz bem ao outro mas creio que faça melhor a quem o oferece. Há circunstâncias na vida que fazem com que pessoas carinhosas deixem de sê-lo. Na maioria da vezes isso acontece porque não há recíproca. O vaso que era tão cheio de carinho vai se esvaziando. Sem receber volume igual ao oferecido, o vaso vai secando, secando...até não restar mais um esboço de carinho. E quanto custa para enchê-lo novamente! Quanto custa para as mãos reencontrarem a posição, o calor, o gesto, o momento certo para entregarem carícias, depois que ficaram muito tempo sem fazê-las! Quanto custa para os lábios dizerem 'sim' a um beijo seja ele por qual afeição seja! Quanto custa o abraço, o aproximar de corpos! Muitas vezes esse retorno se torna impossível. Ou porque a pessoa que deseja acarinhar não consegue mais resgatar esse pedaço que lhe foi roubado ou porque as pessoas à sua volta já perderam a sensibilidade em relação ao tema. Então temos aí um círculo vicioso difícil de romper. Ainda acredito que, mesmo em meio a rechaços, a pessoa que deseja dar carinho sempre irá à luta, tentará furar o bloqueio. Resta ao outro lado tentar compreender e ...experimentar. Quem sabe é bom? poderá pensar. Sempre digo que TODOS GOSTAM DE CARINHO. Uns têm mais facilidade na troca. Outros, nem tanto. Uma pessoa amiga sempre me diz que até ela, que é uma pessoa bobinha, gosta de carinho. Respondo-lhe: 'de pessoa bobinha você não tem nada! Você é uma pessoa sábia. Receber e dar carinho é uma atitude sábia porque não restringe uma das características maravilhosas inerentes ao humano: o afeto e suas manifestações'. Bom mesmo é saber que, se temos carinho, se soubermos expressá-lo, cumprimos uma parte humana para lá de especial. Se damos carinho e não somos muito bem recepcionados, resta-nos uma esperança numa outra afirmação que sempre coloco em meus diálogos: 'ninguém resiste a tanto amor'. Portanto, vamos lá fazer o que será! Miremos o exemplo de Paulinho e seu peixinho Bob. Quanta ternura nos passa essas imagens. Carinho ofertado, carinho recebido... negócio feito! Prestem atenção nas palavras de Paulinho: Bob é muito tímido... gosta de carinho...deita na mão... levanta as nadadeiras...fica feliz...não é só de vez em quando... Bob não é de brincadeira, Bob é de verdade... Bob sai da água... Bob volta para o aquário. E como Bob reconhece a mão que lhe acaricia, sabe que outras vezes voltará a estar feliz.
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Minha amiga Thereza Pires fez aniversário por estes dias. Não pude abraçá-la. Tampouco falar com ela. Mas nós sabemos que tempo e distância só contam mesmo para aqueles que não mantêm outros laços mais essenciais. Não há tempo nem distância para que uma amiga-mais-querida-que-uma-irmã saiba o que vai no meu coração. E todas as palavras já são por demais conhecidas. Seja feliz, The. Que seja linda a sua viagem de aniversário. Aí vão umas imagens de Colonia del Sacramento que eu gostaria de estar vendo novamente. Que seus olhos vejam-nas também por mim. Inté mais! Beijocas! (Passeie com o mouse sobre as fotos).