sábado, 24 de dezembro de 2011

MEU NATAL - SOLANGE RECH


O Menino nasceu pobre.
Bastava-lhe ser humano, sensível,
valorizar a vida e o amor.

Tudo era para ser simples assim:
ele nos encantaria com a honestidade
e nos convenceria de que a vida,
em vez de uma equação complexa,
é apenas a fruição alegre dos dias.

Tudo era para ser simples assim:
nós o acolheríamos como símbolo do bem.

Mas, sobre os ombros do Menino,
plantaram pilares de divindade,
alicerces de religião,
segmentos de dogmas e mordaças.

E o Menino se curvou, impotente,
aniquilado pela carga descomunal das imposturas,
mais pesada que a própria cruz.

Ah, Menino! Pudesses tu nascer de novo,
simples, humilde e honesto,
como era do teu destino ...

Transformado na fonte imorredoura da verdade,
tu te libertarias da solidão dos sacrários
e habitarias definitivamente - aí sim ! -
a alma irmã dos seres que te buscam.


Solange Rech, Sacerdócio Poético, Florianópolis, Editograf, 2004, p. 64.


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