tantas coisas parecem feitas com o molde
da perda que o perdê-las não traz desastre.
Perca algo a cada dia.
Aceita o susto de perder chaves,
e a hora passada embalde.
A arte de perder não tarda aprender.
Pratica perder mais rápido mil coisas mais:
lugares, nomes, onde pensaste de férias
ir. Nenhuma perda trará desastre.
Perdi o relógio de minha mãe. A última,
ou a penúltima, de minhas casas queridas
foi-se. Não tarda aprender, a arte de perder.
Perdi duas cidades, eram deliciosas. E,
pior, alguns reinos que tive, dois rios, um
continente. Sinto sua falta, nenhum desastre.
- Mesmo perder-te a ti (a voz que ria, um ente
amado), mentir não posso. É evidente:
a arte de perder muito não tarda aprender,
embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.
Vera
ResponderExcluirEm fevereiro 2011, comemoraremos o centenário de nascimento de Bishop, estou aguardando as homenagens
.Aprendo com ela- literalemente- todos os dias a me despojar das fúteis ambições e a me conformar com a faxina geral que é o desenrolar de nossa vida.Com a grande vantagem de exercer o desapego
Não conhecia essa tradução.
Beijos
Thereza
Beijos