sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DESPIR UM CORPO A PRIMEIRA VEZ - AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA


Despir um corpo a primeira vez é um acontecimento entre dois deuses. Não se pode profanar o instante. E os amantes devem manter o ritmo dos altares. Porque, embora nesses rituais haja sempre panos e trajes para agradar o Olimpo, é para a nudez total que o céu nos quer arrebatar.

As mãos têm que ter compasso certo. Um andante ou largo de Bach nos gestos, compondo a alegria dos homens e mulheres. As mãos, sobretudo, não podem se apressar. Com os olhos têm que aprender e, com a ponta dos dedos, contemplar os acordes que irão surgindo quando, peça por peça, o corpo for se desvestindo ao pé do altar.

Antes de se tocar com as mãos e lábios, na verdade, já se tocou o corpo alheio com um distraído olhar sempre envolvente. E ninguém toca um corpo impunemente. Despir um corpo a primeira vez não pode ser coisa de poeta desatento, colhendo futilmente a flor oferta num abundante canteiro de poesia. Nem pode ser coisa de um puro microscopista, que olha as coisas sabidamente. Se tem que ser de sábio o olhar, que seja do botânico, porque esse sabe aflorar em cada espécie o que cada espécie tem de mais secreto ou distante, o que cada espécie sabe dar.

Despir um corpo a primeira vez é conhecer, pela primeira vez, uma cidade. E os corpos das cidades têm portas para abrir, jardins de pousar, torres e altitudes que excitam a visitação. Algumas cidades sitiadas caem ao som de trombetas, outras se entregam porque não mais suportam a sede e fome de amar. As cidades têm limites e resistência. E, como o corpo, querem alguém que as habite com intimidade solar.

Gêngis Khan, Átila ou qualquer conquistador vulgar tem com as cidades e corpos, uma estranha relação. O objetivo é a devassa e a dominação. Conquistada a cidade, a ordem é marchar.

Por isto, cuidado para não se acercar de outro apenas com esse olhar guerreiro ou com esse olhar tolo de turista. O turista, embora procure sabores típicos, é um voyeurista, que está preso em algum porto, que não se permite num outro corpo inteiramente desembarcar.

Quando os corpos se tocam, por acaso, como se estivessem indo em direções diferentes, o que ocorre é desperdício. Não se pode tocar um corpo impunemente. E para se tocar um corpo completa e profundamente, num dado instante, os corpos têm que se convergir. E convergir com uma luz diferente. A descoberta do outro é isso, é convergência.

Despir um corpo a primeira vez é como despir um presente. Por isto não se pode desembrulhá-lo assim, às pressas, embora a gula nos precipite afoitos sobre a pele ofertada.
Não se pode com mãos infantis descompassadas, ir rasgando invólucros, arrebentando cordões com gula que as crianças só têm nas confeitarias antes da indigestão.

Despir um corpo a primeira vez, para usar uma imagem conhecida, é mais que ir a primeira vez à Europa. Pode ser, ao contrário, desembarcar pela primeira vez na América sobre a nudez do desconhecido. É descobrir na pele alheia, mais que a pele dele, a nossa pele índia. E volto àquela imagem: despir um corpo a primeira vez é tão marcante quanto a vez primeira que um mineiro viu o mar.

Um corpo é surpresa sempre. E o que se vê nas praias, nessa pública ostentação, nesse exercício coletivo de nudez total negaceada, em nada tira a eufórica contenção do ato, quando os dedos vão
desatando botões e beijos, e rompendo as presilhas das carícias. Despir um corpo a primeira vez
não é coisa para amador. Só se amador da arte de amar. Porque o corpo do outro não pode ter a sensação de perda, mas a certeza de que algo nele se somou, que ele é um objeto luminoso que a outros deve iluminar.

Um corpo a primeira vez, no entanto, é frágil e pode trincar em alguma parte. E os menos resistentes se partem, quando aquele que os toca, os toca apenas com a cobiça e nunca com
a generosa mansidão de quem veio pela primeira vez, e sempre, para amar.

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Affonso Romano de Sant'Anna, Pequenas Seduções, Editora Sulina, Porto Alegre, 2002, p. 47


terça-feira, 22 de novembro de 2011

MAS HÁ A VIDA - CLARICE LISPECTOR


Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida, há o amor.


Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.

ALGUMA COISA ACONTECE NO MEU CORAÇÃO...



...só quando cruzo a Avenida São João e busco felicidade nas noites musicais do Bar Brahma. Hoje (ontem, já!) a voz sempre melodiosamente potente do octogenário Cauby Peixoto, fez a nossa alegria. Muito bom estar na companhia de pessoas que também curtem a boa música, um bom papo e assuntos mil. Uma noite para eternizar (rs*), verdade? Vida longa a Cauby!

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SAMPA
Caetano Veloso

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa


sábado, 19 de novembro de 2011

Lua Alta - Ana C. Pozza

Lua alta
E por trás
De tantas nuvens
Brilham estrelas...

Aqui,
Por trás desta neblina,
Brilho também...
Sozinha
E acompanhada
De mim
E de mais ninguém...

Não direi mais nada
É o silêncio que mais convém...

Agradecida,
A Lua
Sussurra:
Amém...





domingo, 13 de novembro de 2011

VOCÊ - SOLANGE RECH





Deitei meus sonhos sobre a mesa,
esparramados.

Queria depurá-los,
como a escolher feijão.

Muitos deles bicharam,
encarunchados,
nos dias úmidos da vida.

Suprimidas as escolhas inúteis,
sobrou você,
pepita valiosa entre cascalhos,
escoimada de toda impureza.



Solange Rech, Sacerdócio Poético, Florianópolis, Editograf, 2004, p. 42.



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

DÁ-ME A TUA MÃO - CLARICE LISPECTOR


Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

SOLANGE RECH

MÃE-POESIA

“Como um cometa sem cauda ou um cego sem bengala,
vai-se o poema, extraviado de mim.
Eu, embriagado da noite, não soube ser o guardião
do tesouro que me deixou Mãe-Poesia
quando me visitou, entre sonos e sonhos.
Imitando pássaros que se perdem do bando
e ficam momentaneamente sem rumo,
dois versos brancos se soltaram do conjunto do texto
e, por falta de melhor opção, vieram morar comigo:
“Saí, à procura de uma tarde serena de outono,
mas só encontrei o seio da noite ilimitada”.
Ei, diga-me você que me lê:
Para onde vão os poemas que não guardamos?
Que destino têm essas mensagens
quando não cumprem seu papel?
Vai ver existe um céu especial,
feito para os botões de flores que não se abriram,
os pássaros que tombaram no asfalto,
as pessoas que nem nasceram...
e... os versos que não lograram vingar.
A gente, ao morrer, tem que fazer um estágio lá
para apreciar os perfumes que não chegaram a existir,
ouvir os cantos que foram silenciados pelo progresso,
conhecer pessoas que não puderam se afirmar
e purificar a alma com a voz da poesia.
Só depois seremos aceitos no céu definitivo,
onde o Senhor Deus passa os dias declamando
sob os aplausos de poetas imortais,
que Ele agrega carinhosamente ao seu redor,
como um menino coleciona seu álbum de figurinhas raras.”(1)

Eis-me aqui, novamente, para escrever algo sobre Solange Rech, o poeta que aprendi a amar. Reincido na afirmação: é um ato de grande responsabilidade que – no meio da jornada – me paralisa. Penso e repenso se minhas palavras estarão à altura do homem e do poeta. Porque acompanhei o esmero, o cuidado, a atenção e o carinho que o meu amigo sempre pôs quando produzia suas obras, dobra-me o dever de também fazer algo que honre a sua vida e os seus versos. Por isso esse vácuo entre a minha primeira postagem e esta, agora, que vem à luz depois de receber incentivos de familiares que também admiram a pessoa e o poeta sobre o qual escrevo. Há uma imensidão de informações sobre Solange Rech na internet. Porém, o que trago aqui, mais do que a matéria técnica e formal, são palavras que passam pelo caminho do coração, única vertente oferecida pela vida que, de fato, satisfaz e apazigua o coração humano.

SOLANGE RECH, poeta catarinense, nasce em 29/05/1946, em Tubarão, hoje Capivari de Baixo, município desmembrado. Por causa de seu nome, quase sempre usado por pessoas do sexo feminino, muitas situações cômicas ocorreram. Mas nada que abalasse o menino e, depois, o homem Solange. Nas palavras do próprio poeta, a explicação de como ganhou esse nome de batismo: “Se meu pai adivinhasse a enrascada em que me colocou, ter-me-ia escolhido outro prenome. Um dia perguntei-lhe o que o levou a se decidir por este Solange. Ele disse que, quando eu nasci, havia em casa uma caixa de velas. Velas Solange. No rótulo do produto aparecia um cacique. Intuiu que Solange era o nome do cacique, não a marca de um produto. A rigor, o velho estava certo, visto que os nomes terminados em ‘ i’, ‘ y’ e ‘e’, seguidos ou não de ‘r’ ou ‘s’, são aplicáveis aos dois sexos. Assim, temos dona Darcy Vargas e Darcy Ribeiro, além de uma infinidade de outros exemplos, que não cabe relembrar aqui.” (2)

Aos nove anos surgem os primeiros versos de Solange, e, menino em seus doze anos, já cantava trova-repente com os adultos da comunidade. Mais tarde, como estudante no Seminário Nossa Senhora de Fátima, de Tubarão-SC, – 1959 a 1964, inclusive – cresce o interesse pela poesia e por poetas famosos. O seminário foi um acontecimento marcante para Solange. Sedimentou a educação recebida no lar de dona Eponina (dona Pequeninha) e do senhor Antonio, seus pais, e ajudou na sua formação educacional. À época, era a chance de muitos meninos do interior receberem estudos com qualidade. Diz o próprio poeta: “... também aqui, na literatura, muito devo ao tempo de Seminário. Se é verdade que já cheguei poeta, porque assim nasci, é indiscutível que tinha um longo caminho a percorrer na busca de um estilo. Como disse Mário Quintana, numa tarde em que me recebeu em Porto Alegre, ‘os poetas estão sempre em construção’ (3) . Por conta desse desígnio, continuo ainda hoje a ‘me construir’, experimentando versos, descobrindo a força dos vocábulos, criando ritmos, fazendo aflorar sentimentos. E, nesse sentido, o Seminário foi-me grandemente propício, não só pelo que li, mas pelo ambiente único que nós, um grupo de meninos, criamos.” (4)

Incentivado por leituras de livros que chegavam às suas mãos e por alguns amigos, ali mesmo, no seminário, compôs o seu primeiro livro, em 1962. “O primeiro deles, faço sempre questão de destacar, foi ‘Trovões Dolentes’, composto no Seminário, todo datilografado. Tinha capa de cartolina, feita por Marcioly Medeiros Bento, que desenhou uma lira, e compunha uma coletânea de 60 poemas.” (5)

Deixando o seminário, Solange Rech foi radialista e redator/editor de jornal por três anos.

Em 1966, casa-se com Sirlésia (Téia) Nunes e formam uma família, que, com o passar do tempo, se enriquece com a chegada dos filhos Suzana e Saulo e da neta Sofia.

Mais tarde, funcionário do Banco do Brasil, ocupa vários cargos de relevância, em diversas cidades. Em Brasília, em 1987, quando era assessor no Gabinete da Presidência, embora não lhe sobrasse muito tempo, edita “Para matar a noite”, um conjunto de poesias e crônicas. É nessa obra que está registrada a poesia “Diretas para Presidente”, que ganhou o domínio público, editada em vários jornais e declamada em numerosos comícios das “Diretas Já !”, movimento contra a tirania e a ditadura militar, sob a liderança de Ulisses Guimarães.

Depois de 28 anos de serviços prestados à instituição, aposenta-se em 1994, e passa a ter mais tempo para dedicar-se à poesia.

De Amor Também se Vive...” vem à luz em 1999, editado no Rio de Janeiro, pela Editora Blocos, reunindo muitos poemas premiados e, cujo título deriva de um dos seus sonetos, eleito em quarto lugar entre escritores e poetas (792 textos concorrentes) de vários países e de quase todos os estados brasileiros; com capa de Suzana Rech, filha e incentivadora incansável do pai-poeta.

No ano de 2000, em Brasília, publica “A História da FENABB” (Federação Nacional das AABB, que rege as Associações Atléticas do Banco do Brasil, clubes dos funcionários da entidade). Essa é uma obra de recuperação histórica da instituição.

Ainda no ano de 2000, é lançado “Os Espartanos de Deus”, uma coletânea de fatos históricos, fotos e personagens que compuseram a história do Seminário Nossa Senhora de Fátima de Tubarão – SC. Solange Rech, juntamente com um amigo ex-seminarista, foi pesquisador, coordenador, editor e co-autor dessa obra. São histórias tocantes sobre a vida estóica que levavam os meninos seminaristas, agora contadas por senhores que analisam a relevância que essa vivência teve em suas vidas.

Em “Serões na Rede”, publicado em 2002, o poeta faz um jogo de idéias entre a rede que usava em sua casa de praia, muitas vezes tida como local de inspiração, e a internet, a rede pela qual Solange fez numerosos amigos, muitos deles também poetas, e na qual publicou numerosos poemas. É desse contato que surge o apelido de “Poeta-Rei”, denominação outorgado por seus pares do mundo virtual.

AABB Florianópolis – Meio Século de História” é publicado em 2003, depois de realizada ampla e exaustiva pesquisa pelo autor, para registrar e documentar os fatos históricos dessa instituição.

Já em 2004, surge “Sacerdócio Poético”, cuja belíssima capa, que vem abrilhantar a obra de Solange, nasce do trabalho artístico do consagrado pintor Celito Medeiros, outro amigo ex-seminarista, que também ilustrou a capa de "Serões na Rede". Nessa obra, – para a qual tive o privilégio de traduzir alguns poemas para o espanhol – o poeta faz um registro certo e seguro, através de inspirados versos, que, mesmo não tendo sido sacerdote, mantém um altar muito particular: aquele em que consagra a Mãe-Poesia.

Resultado das muitas premiações que seus sonetos obtiveram num período de seis anos, surge, em 2005, “Meus Sonetos Premiados”, uma coletânea de 150 deles. Muitos estão presentes em dezenas de antologias e foram traduzidos e publicados em outros países.

Com o objetivo de demonstrar a trajetória das vidas e o êxito pessoal e profissional dos ex-seminaristas do Seminário Nossa Senhora de Fátima, de Tubarão-SC, considerando a formação ali recebida, “A Hora da Colheita” é publicado em 2005, tendo Solange Rech como organizador, revisor, editor e co-autor.

Versos do Tempo Quase” é a última obra publicada, em vida, pelo poeta. Vem à luz em 2006, tendo como capa uma foto cedida por Antenor Naspolini, um dos professores do poeta quando seminarista, e que se transformou em amigo para toda a vida. Embora esta seja uma obra com muitos versos que remetem à despedida, Solange, mesmo ciente de sua precária saúde, faz questão de dedicá-la à vida.

A despeito dos problemas de saúde, o poeta Solange Rech nunca se negou aos desafios: em 2006 volta à faculdade para realizar o mestrado em Ciências da Linguagem, na UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina. Em um trabalho árduo, de um ano e meio, Solange elabora a dissertação “Teoria do Soneto: de Giacomo da Lentini ao século XXI” e a deposita na universidade, aguardando o prazo determinado para defendê-la. Infelizmente não pôde fazê-lo por si mesmo, como era de seu desejo.

Em 29 de janeiro de 2008, em Curitiba-PR, falece Solange Rech. Seu corpo é cremado, em Balneário Camboriú-SC, numa tocante cerimônia organizada por sua família, à qual comparecem muitos dos seus amigos e admiradores.

A dissertação de mestrado, entregue à instituição um mês antes do poeta falecer, é defendida postumamente, em 27 de junho de 2008, com autorização do Programa de Pós-graduação da UNISUL. A banca examinadora é formada pelo Professor Doutor Antonio Carlos Gonçalves dos Santos (orientador), pelo Professor Doutor Prof. Fernando Simão Vugman, ambos da UNISUL, e pelo Professor Doutor Deonísio da Silva, da Universidade Estácio de Sá-RJ. Coube a este último fazer a apresentação da dissertação do amigo Solange Rech, amizade conquistada desde a infância mais profunda dos dois, ainda nos tempos do seminário, e cultivada ao longo da vida.

Sobre a dissertação escrita pelo mestre Solange Rech, os professores da banca examinadora foram unânimes em afirmar que esse trabalho poderia ser publicado e distribuído em universidades. " ‘É uma obra completa que abrange muito mais do que apenas conceitos teóricos sobre o soneto’, considerou Vugman, completado por Deonísio, que definiu a dissertação como ‘necessária para estudos em cursos universitários que abrangem ciências da linguagem’ ". (6)



Prêmios Obtidos:

Foi vencedor de muitos concursos de poesia, entre os quais:

• 1º lugar no IV Concurso Literário Internacional Vigor de Primavera (SP).
• 1º lugar no IV Concurso Nacional e Internacional de Poesias Poeta Nuno Álvaro Pereira (RJ).
• 1º lugar no Concurso Brasil 500 anos, promovido pela Academia Sul Brasileira de Letras (RS).
• 1º lugar no V Concurso Nacional de Poesia da APPERJ (RJ).
• 1º lugar no II Concurso Nacional de Poesias, promovido pelo Clube dos Escritores de Piracicaba (SP).
• Troféu “Dia da Poesia” (2003), concedido pelo município de Governador Celso Ramos (SC).
• 2º lugar, entre 1.775 concorrentes, no Concurso Nacional de Sonetos, promovido em homenagem aos noventa anos do nascimento de Vinícius de Moraes, pela Fundação Roberto Marinho e Canal Futura, em dezembro de 2003 (RJ).
• Poema incluído na antologia “As Cem Melhores Poesias de 2004”, da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (RJ).
• Prêmio no Concurso Nacional promovido pela Prefeitura de Descalvado, em 2004 (SP).
• Troféu “Gigantes” – 2005 (poesia), em Blumenau (SC).
• Destaque em poesia, ano 2005, reconhecimento da Academia Catarinense de Letras.
• 3º lugar no Concurso Internacional de Sonetos, da Academia Divinopolitana de Letras, em 2007 – Divinópolis (MG).
• 1º lugar, com o poema “As Balizas do Tempo”, no certame de poesia “Dar voz à poesia”, em 2007, Ovar, Distrito de Aveiro, Portugal.
• Destaque especial no Concurso Nacional dos Sonetos, de Porto Alegre (RS).

Homenagens Recebidas:

• Cidadão Honorário de São Lourenço do Oeste (SC).
• Cidadão Honorário de Araranguá (SC).
• “Personalidade do Ano do Distrito Federal”, de 1983, outorgado pela Associação de Imprensa de Brasília, da qual também era sócio honorário.
• Poeta representante do município de Governador Celso Ramos (SC)., local onde mantinha sua casa de veraneio, por ele considerado um pequeno paraíso.
• O nome de Solange Rech é verbete na Enciclopédia de Literatura Brasileira (Afrânio Coutinho, co-edição da ABL, 2ª edição, 2001) e na Wikipédia (enciclopédia digital).

Organizações culturais de que fez parte:


• Federação das Academias de Letras de SC.
• Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil (RJ).
• Academia de Letras de Biguaçu (SC).
• Clube dos Escritores de Piracicaba (SP).
• Academia Virtual Brasileira de Letras (AVBL).
• União Brasileira de Escritores – UBE (SC).
• Cônsul do Movimento “Poetas del Mundo” em Florianópolis (SC)
• Membro da Academia São José de Letras – Asajol (SC)

Quando nos conhecemos, observamos que havia muitas coincidências em nossas vidas, desde a infância até a nossa madurez. Mas, entre todas elas, a que mais tem valor, para mim, hoje em dia, é, desde a infância, termos tido como inspiradora de versos, guia e confidente, a “Intrometida”, a menor estrela da Constelação do Cruzeiro do Sul. Por isso, agora, tenho mais motivos para me inspirar ao olhar para ela e com ela conversar. Porque sinto que o poeta “SOL”, depois de voltar do céu definitivo, já alcançado, depois de ouvir Deus declamar e ser aplaudido por poetas imortais, carinhosamente agregados ao seu redor, é na pequenina “Intrometida” que repousa, logo após render oferendas à Mãe-Poesia.



ESTRELA-GUIA

Tenho de meu bem pouca coisa, mesmo.
E muito desse pouco posso partilhar
sem qualquer sentimento de perda.

Porque meu é o mar, que te oferto
e a brisa que me beija e que te beija.
Aquele beija-flor, sabias?,
também consta do meu inventário.

Meus canários – estes não cedo
porque só são meus enquanto livres.

Queres a minha estrela-guia? – Ali está.
Chama-se Intrometida.
Ela tem alma de mãe,
por isso, não vejo mal em dividi-la contigo.
(7)


Notas de referências:
(1) Solange Rech, De Amor Também se Vive..., Rio de Janeiro, Blocos, 1999, p. 18.
(2)Entre sonhos e projetos, a vida é um cadinho de tudo, in Pe. Antônio Gerônimo Herdt et al. (org.), A Hora da Colheita, Florianópolis, 2005, p. 349.
(3)Na década de 70, o poeta teve um encontro informal e marcante com Mário Quintana, em Porto Alegre. Depois de ler os poemas de Solange Rech, Quintana assim se expressou: "Teus versos às vezes cortam como espada. Outras vezes lembram a doçura do açúcar. Mas são todos primorosos, especialmente os sonetos. Não vou dizer que és um poeta pronto, porque os poetas estão sempre em construção. Vai em frente” – Solange Rech, De Amor..., op. cit., primeira orelha.
(4)Entre sonhos..., A Hora..., op. cit., p. 353.
(5)Idem.
(6)Disponível em:
http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/noti/2008_05.htm ; Acesso em 02.11.2011. Para ler o texto completo da dissertação, acesse: busca.unisul.br/pdf/94650_Solange.pdf
(7)Solange Rech, Versos do Tempo Quase, Florianópolis, Editograf, 2006, p.100.


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José Roberto, muito obrigada pelo apoio e por me tirar da paralisia. Grata também por doar seu tempo escasso e revisar o texto. Seu incentivo muito bem me faz. Ontem, hoje e sempre!