É sempre assim: quando se lê um livro pela segunda vez, ele é novo uma vez mais. Porque você não é mais o leitor de antes: muita água passou por debaixo da ponte e você lê o livro com novos olhos, novos sentimentos, outras compreensões. Estou relendo El cielo de los Leones, da mexicana Ángeles Mastretta. E numa das páginas da obra, um feliz reencontro com Jaime Sabines, um poeta dos melhores, compatriota de Ángeles. Há muito tempo que não lia algo de Sabines e então, voltei a rever alguns dos seus textos. Uma vez mais, não uma releitura, mas uma nova leitura! Entre tantos versos lindos do poeta, escolhi uns que gosto imensamente. Para saber mais sobre Ángeles Mastretta e Jaime Sabines, visite:

Tu cuerpo está a mi lado
fácil, dulce, callado.
Tu cabeza en mi pecho se arrepiente
con los ojos cerrados
y yo te miro y fumo
y acaricio tu pelo enamorado.
Esta mortal ternura con que callo
te está abrazando a ti mientras yo tengo
inmóviles mis brazos.
Miro mi cuerpo,
el muslo en que descansa tu cansancio,
tu blando seno oculto y apretado
y el bajo y suave respirar de tu vientre
sin mis labios.
Te digo a media voz
cosas que invento a cada rato
y me pongo de veras triste y solo
y te beso como si fueras tu retrato.
Tú, sin hablar,
me miras y te aprietas a mí y haces tu llanto
sin lágrimas, sin ojos, sin espanto.
Y yo vuelvo a fumar,
mientras las cosas
se ponen a escuchar lo que no hablamos.

Nenhum comentário:
Postar um comentário